Trajetória do diretor e encenador do Grupo UBU Anderson Bosh
- Grupo UBU Artes Cênicas
- 31 de out. de 2019
- 7 min de leitura

Anderson Bosh – autobiografia
Meu nome é Anderson Bosh, tenho 47 anos de idade e 28 anos de carreira.
Nasci em Campo Grande no MT hoje MS, trabalho em MS, SP e GO.
Vivo exclusivamente da minha arte, sou artista e produtor cultural.
Virginiano, intersexual, naturalista, daimísta, zoroastra, reikiano, ateu, velho, elegante, rico, veemente, inteligente, culto, pró ativo, arrogante, intelecto influencer, e completamente insuportável.
Sou uma confusão e gosto de ser.
Iniciei minha trajetória nas artes ainda criança, no ginasial, na dança, e dali fui convidado para substituir um ator mirim no teatro e nunca mais saí.
Trabalhei com teatro na escola Maria Constança ao lado de Paula Gamper no Grupo Teatral Molière, minha primeira experiência profissional.
Fui acadêmico da UFMS, onde iniciei e desenvolvi minha pesquisa sobre arte drag e a partir dela minhas performances e espetáculos de teatro e dança através do Grupo Perfomático de Teatro e Dança Monopólio Alface Negra (hoje Grupo Ubu). Criei e desenvolvi projetos culturais de artes cênicas, como a Oficina de Teatro da UFMS e o Prêmio Universitário de Teatro que teve edição estadual, regional e pela 1° vez na história de MS e região um festival nacional de teatro, no qual lancei o abaixo assinado em prol da criação do curso superior de teatro em MS, que teve ampla adesão dos artistas e da sociedade civil e foi apoiado pela UFMS e através da PREAE e CCD encaminhado a instituições de ensino superior do estado e região, hoje uma realidade: temos em MS dois cursos superiores e públicos de teatro.
Graduei-me em Educação Artística e Artes Plásticas com complementação curricular em Artes Visuais na UFMS, complementação curricular em Direção Teatral na UFRJ, Direção Teatral na CAL (Colégio de Artes de Laranjeiras - RJ) e Circo na Escola Nacional de Circo – RJ; na Cambury em GO, especializei-me em cinema e iniciei mestrado em teatro.
Participei de diversos cursos livres nas diferentes linguagens do meu fazer artístico.
Trabalho como artista visual, escritor dramaturgo, diretor e encenador de teatro, circo e dança, maquiador, figurinista, cenógrafo, palhaço, mestre de pista/apresentador, drag Dj, night performer, orientador de passarela e cenogenia e assessoria em assuntos carnavalescos.
Fui bailarino, cantor de banda universitária, coralista, acrobata de aéreos, professor de extensão em teatro da UFMS; Professor do curso de Preparação de Atores do centro Cultural José Octávio Guizzo da FCMS; Professor do curso de Teatro Circo do Centro Cultural Martim Cererê da AGEPEL - GO e professor e coordenador pedagógico da Escola de Teatro de Anápolis - GO, entre outros.
Ministro cursos de dramaturgia, direção, interpretação, corpo, figurino, maquiagem, cenários e carros alegóricos, passarela e cenogenia.
No teatro são destaques da minha carreira os espetáculos “31 de Fevereiro” e “Dois Pedaços por Um Desejo”, considerado pelo Prof, Clovis Levi (UNI Rio e Cal) a chegada da cena nova em MS e um divisor de águas para o teatro do estado, declarado em cena aberta no Prêmio Universitário ao Teatro – Brasil 96. Estes espetáculos foram financiados pela UFMS, através da Coordenadoria de Cultura e Desporto, da qual o grupo era ligado e projeto permanente. Foi o Prof. Richard Perassi, então gestor da CCD, que me deu ouvidos, crédito, incentivo e apoio para a realização de todos os meus projetos na UFMS. Um amigo e um Mestre.
Desligado da UFMS, montei “O Feitiço da Chuva que alagou Vila Verde a cidadela da mata onde moram os Trapeados”, meu primeiro espetáculo para infância e juventude e sucesso de público e recorde de bilheteria. Nascido da ânsia de trabalhar com a palhaçaria, esse espetáculo que forjava o palhaço me rendeu o convite para ser um membro do CBTIJ, e me levou para Escola Nacional de Circo junto com meu grupo.
Com incentivo institucional dos Srs. Stanley Wibb (Ceacen) e Carlos Cavalcanti (Diretoria de circo) da FUNARTE, os quais conheci por conta dos tramites de realização e apoio aos festivais de teatro que eu coordenava em MS (que na última edição teve a participação do circo através do Lume - SP) estreitei laços e diálogo e firmei acordo de difundir o então chamado circo novo, de troupe e sem lona, em MS, MT e GO. A ideia do acordo era de que logo após o curso do meu grupo na ENC, fossemos multiplicadores daqueles conhecimentos técnico-artísticos e assim difundíssemos o circo de grupo no centro-oeste.
Não aconteceu da maneira como pensamos. Após o período de reciclagem, no qual cursamos técnicas básicas de circo durante duas semanas, fomos convidados a permanecer por mais dois meses com estadia e curso garantidos, após este período o grupo retornou para MS para o festival da FESMAT e somente dois integrantes retornaram para a ENC a fim de cursarem mais seis meses de aprimoramento técnico e novas habilidades, restou eu por mais um ano e meio, os quais me dediquei a acrobacia de aéreos e a pesquisa da palhaçaria tradicional e desenvolvi os figurinos da apresentação do espetáculo de formatura da escola, na qual não me formei pois precisa dominar três técnicas e eu só dominava duas.
Foi parte primordial dessa trajetória o incentivo do Sr. Américo Calheiros, então gestor da SEMCE, que nos apoiou com transporte entre MS e RJ e mais uma vez o Prof. Richard Perassi e a Profa. Eloisa Bortoloto, então gestores da FCMS, que nos apoiaram na permanência no RJ.
Neste contexto acabei sendo pioneiro, na introdução do Circo Novo em MS e GO, ao lado de agentes fundamentais para o desenvolvimento do circo de troupe, como o Sr. Mauro Guimarães, o Sr. Ulisses Nogueira e o Sr. Marcelo Silva em MS e o Sr. Jean Passos em GO. Em MT não tivemos abertura.
Exemplos do pioneirismo foram os cursos e propostas de encenação, como a dramaturgia e direção do espetáculo “O Circo do Pé de Árvore” em MS (do Circo Atro Mínimo hoje Circo do Mato), e os cursos de teatro e circo no centro cultural Martin Cererê, AGEPEL - GO, e posteriormente a direção do espetáculo aéreo de circo “Viver como quem se arrisca” também em Goiânia GO. Ainda em Goiânia são projetos de minha autoria o CETT (o extinto Centro de Estudos e Tecnologias Teatrais) e o festival Internacional de teatro Goiânia Em Cena (para o qual nunca ironicamente nunca fui convidado).
Fui ainda sócio fundador da Casa Teatro Circo em Campo Grande MS. Bem localizada e com uma infraestrutura de qualidade, a CTC mantinha atividades semanais com cursos, apresentações de espetáculos, visitas de escolas com atividades culturais e Cabarés periódicos. Rompeu paradigmas e barreiras e entrou para história e calendário local como a primeira instituição privada de empreendedores artistas a manter longas temporadas de espetáculos de teatro e circo no estado. Suas atividades formativas fomentaram o surgimento de novos agentes e artistas teatrais e circenses que hoje atuam no estado e no país.
Sou autor da publicação “Panorama histórico do circo em MS” através do Prêmio FUNARTE Carequinha de estímulo ao Circo.
“Uma Moça da Cidade” e “Pelega e Porca Prenha na mata do pequi”, premiados e realizados em inúmeras temporadas e circulações nacionais através de mecanismos como os Prêmios Funarte EnCena Brasil, e Prêmio Funarte Petrobrás de Circulação de Espetáculos, e, uma dezena de aprovações em leis de incentivo a cultura e festivais, foram nossas vitrines para o universo nacional dos espetáculos. Realizamos com eles nossas primeiras temporadas nacionais em MS, MT, GO e RJ. No ano passado, “Uma Moça da Cidade” perfez três meses de temporada na capital paulistana a convite da Secretária de Cultura de SP.
No Cinema e TV participei do Seriado “Cidade dos Homens” de Fernando Meireles e Regina Casé, do Filme “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles e do seriado “Natasha” de Thiago Rotta, entre diversos outros curtas e média metragens.
Nas artes literárias minha obra “Pelega e Porca Prenha na Mata do Pequi” foi classificada em 1° lugar no Prêmio FUNARTE - Nacional de Dramaturgia de 2003 - região Centro-Oeste, e 1° lugar no rankin nacional, que me legitimou a finalista no Prêmio Internacional de Dramaturgia em Portugal em 2004. Posteriormente essa obra teve montagens em MS, DF, RJ, SP e MG, concomitante com o texto “Uma Moça da Cidade” que foi montado nos estados de MS, SP e RJ e assim por dois anos consecutivos fui o autor vivo mais encenado do país, somando 19 textos teatrais publicados e encenados:
31 de Fevereiro - parte II: A Peça
Dois Pedaços por um Desejo
ZZZ
Os Contos de Jordi
31 de Fevereiro - parte I: O Jantar
O Feitiço da Chuva que alagou Vila Verde a Cidadela da Mata onde moram os Trapeados
Aurélio Orélio
Pelega e Porca Prenha – Saga
Cunversa de Causo
A Vila de Capim Beba
Poesias do Ar Cênico – 7 Estrela, Leonora, Azedinha e a Fazenda
Uma Moça da Cidade
Cunversas e Causos de Baianópolis
Pelega e Porca Prenha na Mata do Pequi
Folia
Aurélio e a Chuva
A Encruzilhada
Dona Pequetita
João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca
Tenho a honra de ter sido citado com meus trabalhos nas pesquisas de mestrado da artista docente Aline Duenha, e das professoras universitárias Joana Zwarg Durand e Marly Damus da UFMS.
Nas artes visuais, dediquei-me aos objetos, instalações e performance prioritariamente, com os quais participei de algumas exposições coletivas e fui selecionado para o extinto Salão Sulmatogrossense de Artes Visuais, no entanto realizei algumas exposições de acrílico sobre tela no extinto centro cultural do Banco do Brasil de Campo Grande, sendo que a última exposição foi censurada pois retratava a sexualidade humana e suas vertentes, parte da minha pesquisa de carreira sobre arte drag. Desde então calei-me para as artes visuais publicando sazonal e esporadicamente alguns desenhos da coleção “Demiurgia” em plataformas digitais.
Nas artes carnavalescas fui curador, orientador de comissão de avaliação, orientador de desenvolvimento de enredo e mestre de pista do Carnaval de Corumbá por nove anos consecutivos.
Na moda, sou desenvolvedor de coleções, orientador de cenogenia e passarela, e eventualmente produtor de moda e maquiagem em publicações pontuais. Concentro trabalho na moda de espetáculo, os chamados figurinos e na maquiagem de espetáculo e de efeito especial.
No entretenimento noturno atuo como Dj Drag Queen e Night Performer. Foi na arte drag que descobri a vocação para as artes cênicas e iniciei a pesquisa do que até hoje tem se consubstanciado a matéria prima de todas as minhas criações em arte, desde seu conteúdo até suas tecnologias. Completo 28 anos de carreira Drag, sendo a mais antiga drag em exercício em Campo Grande e MS. Minha pesquisa sobre a arte drag, que propõe conteúdo e tecnologias para o fazer das práticas cênicas através da “Teoria do Teatro Errado” é objeto de pesquisa do meu mestrado e tecnologia de todas as minhas montagens cênicas.
Participo efetivamente de coletivos e fóruns de ação para politicas públicas culturais para o teatro, circo, dança, artes visuais e literárias.
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